Romanos 12.17-19
No campo de batalha dos relacionamentos, sempre que nossas expectativas são frustradas e somos feridos ou ofendidos, a resposta imediata costuma ser a de retribuir o mal recebido por outro de igual valor.
Aliás, permita-me acrescentar o seguinte: raramente a vingança ‘justa’ satisfaz o coração ferido. Ou será exagero dizer que preferimos passar o trator algumas centenas de vezes por cima do ofensor a simplesmente deixar o assunto para trás uma vez retribuído o mal? É importante reconhecermos nossa terrível inclinação a pagar o mal com um mal ainda maior, e é urgente admitirmos que quase nunca ficamos realmente satisfeitos com qualquer paz oferecida em troca do dano causado.
A paz é necessária a todas as pessoas, porque todos nós carregamos histórias de conflitos e relacionamentos rompidos - especialmente com Deus. Logo, não há quem possa dizer: Inimigos? Nem sei o que é isso!
Por isso, vejo com maravilhoso assombro o que o Senhor nos diz por meio de Paulo em Romanos 12.19: Meus amados, não façam justiça com as próprias mãos, mas deem lugar à ira de Deus.
Deus sabe da nossa incapacidade em andar em paz neste mundo sem Ele (Rm 5.1). Sabe que nem sempre ela está em nosso poder assegurar (v.18). Sabe que nosso coração, longe dEle, anda vazio, ansioso e em constante guerra. E sabe que nossa justiça, pelo pecado, nem sempre se moverá para o que é justo e correto.
Deus sabe que a ausência de paz em nosso peito pode se tornar uma ira profunda, cujo veneno bebemos em lento silêncio, esperando que o verdadeiro culpado morra - quando, na verdade, apenas quem bebe é que morre. Ele sabe que o mundo oferece alguns tipos de paz baseados em falsidade e covardia, que desabam ao primeiro vento (Jr 6.14).
E é por isso que Ele nos chama, se possível for, que vivamos em paz com todos e deixemos que Ele mesmo vingue seu santo nome, retribuindo a cada um o que lhe é de devido.
A nós cabe a paz porque isso corresponde à nossa filiação a Deus Pai (Mt 5.9). A nós cabe a paz porque Cristo, em sua vida, morte e ressurreição, nos capacitou a resistir contra o mal que há em nós contra nós e outras pessoas e o mal delas contra nós - tudo apenas para a glória dEle. A nós cabe a paz porque a ira de Deus é justa e eterna.
Nossos melhores esforços para nos defender - e assim tentar equilibrar a balança moral, mesmo quando bem-sucedidos - são trapos de imundícia; isto é, nada se comparam à defesa que o Senhor realiza para nosso bem. Em outras palavras, só Deus pode dar aquilo que o homem realmente merece; e não apenas por 30 anos, como no nosso sistema penal, mas pela eternidade.
Pense nisso na próxima vez que desejar viver na pele de um dos personagens de Steven Seagal, Bruce Willis, Chuck Norris ou Charles Bronson.
Em Cristo,
Rev. André Dantas